domingo

Momentos hilariantes no Campo Pequeno com o PCP lá dentro

Ao ver aqui Odete Santos do PCP em pleno Campo Pequeno - ainda pensei que iria declamar algum poema da Flor Bela Espanca, mas não!! Escolheu outra tirada que é uma pérola: resistir a tudo aquilo que é velho. Depois percebeu-se que a srª vai dar cabo do capitalismo com a foice e o martelo e cantar mais um poema. Confesso, que depois disto já não sabia se havia de rir ou de chorar. Em qualquer dos casos, cai da cadeira.
O sr. Bernardino (que é o jovem mais velho que se conhece) apareceu a cores na arena, tal qual a bandeira da Coreia do Norte, essa [sua] grande referência de "democracia e pluralismo". Foi coerente. Agora só falta propor os nomes de Fidel Castro e de Kim Jong II para o Comité Central do PCP - e reservar-lhes lugar cativo na Soeiro Pereira Gomes. E quando o sr. Bernardino estiver doente ou precisar de resignar ao cargo de deputado na AR - os nomes de Fidel ou de Kim avançarão. Enfim, um mimo para a democracia portuguesa - que só nos "prestigia" a todos intra e extra-muros.
Talvez seja por causa destas coisinhas que quando estamos abroad ainda nos perguntam se Portugal é um país do Magreb...

A grande pergunta de carácter simbólico, doravante, é saber o que cada um dos portugueses passará a pensar sempre que houver touradas no Campo Pequeno.

Os portugueses e a Serra da Estrela

Sempre que há um feriado os portugueses procuram rentabilizá-lo ao máximo, aliás, a semana deveria estar repleta de feriados, excepto ao Sábado e Domingo em que por inerência de calendário não se trabalha. O tempo, como se sabe, está um gelo do Leste, ainda assim meia dúzia de pacóvios resolveram demandar a Serra da Estrela (SE) para experimentar aí sensações vagas e difusas de bem-estar. Resultado: conseguiram entrar na Serra, mas depois as condições climatéricas impediram-nos de sair. Era de esperar. As pessoas ficam isoladas na neve, passando um frio insuportável e depois aparecem na caixa negra debitando generalidades da Serra. É triste isto, é um gozo pacóvio que me transcende. Pois além de se desafiar a vida da forma mais estúpida e previsível que se conhece, demandar a SE acaba por ser o maior contributo para o decréscimo da taxa de Natalidade em Portugal. Se querem desafio vão mas é escalar montanhas, vão para o Monte Evarest nos Himalaias. Ou foi uma aposta para ver quem era mais estúpido neste fim de semana prolongado... Enfim, pior do que isto só ir para o shopping Colombo do engº Belmiro de fato-de-treino e de camisa aberta.

Imagination e córtex cerebral

O processo de produção de conhecimento ou de fabricação de ideias não nasce debaixo das pedras, como diria Platão. É um processo complexo, não-linear, por vezes arrastado e doloroso. Mas há quem defenda, com generoso sucesso, que a organização desse conhecimento que os padrões de disparo ao nível do córtex cerebral - reforçando processos criativos do hemisfério direito associados ao raciocínio espaciotemporal. Ou seja, pessoas como Mozart - concluíram que a música actua como uma alavanca facilitadora de operações mentais, melhorando a concentração, a produtividade e, por extensão, a capacidade de dar saltos intuitivos na produção global de ideias e no estabelecimento de correlações úteis à vida diária. Agora também não se pense que é por ouvir música que vamos todos escrever Os Lusíadas. Pergunto-me que música Luís Vaz terá ouvido antes de escrever essa obra-prima...
Just an illusion - Imagination

Sonoridades, tempos, lisboas e Vertigens

Gotan Project - Diferente
Rui Veloso - Nunca Me Esqueci De Ti
RUI VELOSO - Todo o tempo do mundo
Djavan-"Esquinas" live

Rosa (do teu jeito de ser - MCG*)

Vício de Ti e Donna Maria. Mordillo

Vício De Ti
Evocação de Mordillo, again..

Qualquer homem que se gabe de saber ler nos olhos de uma mulher, acaba por se revelar um perfeito analfabeto.

Goldie Hawn

Donna Maria - Quase Perfeito (MCG.V.)

Fernando Pessoa, again...

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...
Fernando Pessoa

Evocação de Mordillo

Homenagem a Mordillo
Uma representação do sr. Mário nogueira da fenprof a ler o seu brilhante sistema (alternativo) de auto-avaliação dos profes. Uma ideia tão "genial" só poderia emanar da testa de um sindicalista de obediência comunista, porventura com algum sopro de "talento" cubano mitigado com inspiração norte-coreana.

Vómito seguido de náusea: este PCP made in Campo Pequeno não é para levar a sério

Comunistas preparam nova proposta sobre a Coreia do Norte Ontem às 18:00
Uma nova proposta sobre a Coreia do Norte vai ser aprovada, domingo, segundo dia do Congresso do PCP. Os rasgados elogios ao regime de Pyongyang são agora acompanhados de uma intenção de acompanhar a evolução no país.
Depois das discretas contestações aos elogios à Coreia do Norte inscritos na proposta de teses do PCP, surge agora uma proposta de alteração, que pode mudar o pensamento do PCP sobre a Coreia do Norte, mas também sobre a China, Cuba, Vietname e Laos.
(...)
A forma como são elogiadas a Coreia do Norte e a China já mereceu a crítica de Octávio Teixeira, antigo líder parlamentar do PCP, mas ainda membro activo do partido. (...)
Obs: Depois de ler isto apraz-me registar o seguinte:
1. Manuela Ferreira leite pode, doravante, juntar-se ao camarada Jerónimo de Sousa e, em uníssono, cantar loas a esses regimes "hiper-democráticos" que ainda matam e mandam matar apenas por delito de opinião. O PCP elogia a natureza do regime político na Coreia do Norte, Cuba, Vietnam e Laos - e Ferreira Leite -, pelo seu lado, sugere a suspenção da democracia em Portugal. Ambos convergem em direcção ao abismo, e por uma questão funcional para com o PCP - o que se traduz no elogio directo de tais regimes totalitários.
2. Octávio Teixeira é comunista mas ainda não perdeu a lucidez nem a noção do ridículo, sobretudo na fase de maturidade histórica em que o mundo se encontra. Elogie-se a coragem de Octávio Teixeira - que sempre foi um bom parlamentar e um economista de boa formação, além de sério intelectualmente.
3. Como é que o PCP se quer credibilizar, modernizar, renovar, democratizar quando os exemplos que escolhe são, precisamente, os únicos casos no mundo inteiro que merecem total reprovação de todos - por serem execráveis.
Este PCP não é para levar a sério, e ao vermos Jerónimo a acusar Louçã e o BE de "anti-comunista" - é algo sintomático que revela bem a doença infantil deste PCP, um dos mais retrógrados do mundo que hoje só serve para agitar e instabilizar as instituições.
É por força deste factos e destas tomadas de posição ideológicas na arena internacional que isto nos suscita o título que demos ao post: um vómito seguido de naúsea.
Pergunte-se ao sr. Mário Nogueira da Fenprof se também alinha nos elogios execráveis a Pyongyang ou se se fica apenas pelo certificado de qualidade à Cuba de Fidel...(outro regime népota e ditatorial que oprime milhões de cubanos desde 1958).

O sacristão comunista, Mário Nogueira - devia ler e reler este artigo, muito actual...

Fenprof manipula e Mário Nogueira não é sério, in Expresso.
10:25 Quarta-feira, 19 de Nov de 2008
O líder da Federação de Professores (FENPROF), Mário Nogueira, abandonou a reunião que hoje mantinha com a ministra. Motivo: a ministra não suspendeu a avaliação como era exigência da Fenprop para continuar a negociar.
Mas a Fenprof e Mário Nogueira querem negociar o quê, se exigem a suspensão da avaliação? Resposta: não querem negociar nada. Querem somente deitar abaixo a ministra porque ela insiste que não desiste da avaliação.
Insiste e muito bem. Eu, como pai de dois alunos, quero que os professores deles sejam avaliados pelos seus pares e pelos pais, se possível. Quero saber se são bons, se são pedadogos, se não faltam, meses a fio com atestados médicos que todos sabemos serem falsos, se não metem sucessivos artigos quartos com uma enorme descontracção e sem nenhum problema de consciência, deixando turmas inteiras sem aulas durante horas, dias, meses.
Em todo o sector privado, a avaliação é uma regra há muitos anos. Aqui, nesta empresa, não só avaliamos os nossos subordinados, como eles nos avaliam e nós avaliamos os nossos superiores, inclusive o director-geral da empresa. Porque carga de água é que os professores, que passam o ano a avaliar milhares de alunos, não podem ser avaliados?
Para descredibilizar o processo, há escolas que transformaram a avaliação em manuais de mais de 30 páginas. E Mário Nogueira, que assinou um acordo com a ministra antes do Verão para prosseguir o processo de avaliação, rompeu-o sem nenhuma justificação credível.
A Fenprof é contra o processo, mas não sugere nada em alternativa. O que quer é uma avaliação de faz de conta, em que os bons e os maus professores são todos avaliados de forma positiva, o que é uma injustiça para os bons e um prémio para os maus. É isto que os professores querem? Não sei. Mas sei que é isto que a Fenprof e Mário Nogueira querem.
A Fenprof e Mário Nogueira não defendem um sistema de ensino melhor. Defendem os maus professores, os calões, os relapsos, os incompetentes. Defendem o pior que existe no ensino, os seus vícios, os seus erros, o descalabro provado através de estatísticas do ensino secundário em Portugal nos últimos 30 anos. É este o resultado das suas posições. E será este o resultado dos próximos 30 anos se a Fenprof e Mário Nogueira conseguirem manter o sistema de ensino sem uma avaliação séria e credível.
A Fenprof e Mário Nogueira são os principais responsáveis da mediocridade do ensino secundário em Portugal.
Obs: Mário Nogueira faz o papel de idiota útil (como diria Lenine) que se está a marimbar para uma verdadeira e justa avaliação dos profes, ele apenas aproveita a onda para fazer duas coisinhas: decepar a cabeça à ministra da Educação, fazer o frete a Carvalho da silva e ao Jerónimo de Sousa - e envolver directamente o PM na jogada na tentativa de o chamuscar politicamente.
A proposta de avaliação (leia-se, auto-avaliação) de Nogueira faz-me lembrar aquele alentejano que lia anúncios de jornais onde a TAP pedia pilotos com experiência de vôo, e ele respondeu e até se apresentou à entrevista e disse ao director de RH: não contem comigo.

sábado

Jerónimo altruísta: em busca dum mundo melhor faz voluntariado no Banco Alimentar (BA)

Género: Ficção política
É sabido que a ideologia que dinamiza o ideário solidarista, altruísta e voluntarista do PCP concentra a sua particular atenção nos mais desfavorecidos e deserdados da vida. Por essa razão, Jerónimo de Sousa vai afectar 70% do seu salário de Natal e canalizá-lo para o Banco Alimentar - que se dedica a angariar fundos e alimentos que depois distribui às pessoas em maiores dificuldades. Sabe-se até que Jerónimo de Sousa abandona mais cedo a direcção dos trabalhos do Congresso do Campo Pequeno - para se dirigir às instalações do referido Banco a fim de aí, num exemplar esforço de coordenação de trabalho social, ajudar a arrumar nas prateleiras os pacotes de arroz e de leite, as garrafas de azeite e as conservas e demais produtos que são doados à instituição.
No final da sessão de voluntariado está ainda previsto que Jerónimo de Sousa agradeça a atenção, elogie a sopinha de massas que comeu e faça um discurso de 4h (ao estilo Fidel castro que costuma elogiar e lhe serve de referência) na tentativa de convencer mais umas alminhas a integrar o PCP - com o urgente fundamento de que a tesouraria do Partido levou um duro rombo desde que o muro de Berlim caíu e a ex-URSS fechou a torneira dos financiamentos aos partidos satélites dispersos pelo mundo. Nesse momento, Jerónimo ensaiará um peditório.., na esperança de não abandonar as instalações do BA de mãos vazias e dar, assim, por justificada a sua ausência dos trabalhos do XVIII Congresso do PCP, a decorrer no Campo "Piqueno" (como diria Ferreira Leite).
Como último contributo de Jerónimo para o Banco Alimentar (BA) neste período comicieiro e pré-natalício - o seu secretário, o camarada Bernardino (que tem como guia a Coreia do Norte e o seu ditador, Kim Jong II) leva um contentor de Alcântara com 10 mil exemplares do - Das Kapital - de Carlinhos Marx para distribuir aos pobres e melhor os doutrinar - enquanto comem a sopinha com o pão.
Nota da Direcção do BA:
  • A Direcção do BA reserva-se o direito de verificar se o stock de bens arrumados nas respectivas prateleiras por Jerónimo estão conformes à contabilidade de entrada resultante das doações. Não vá o Diabo tecê-las...

:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Dois registos: um humorístico, outro mais realista.

Os Contemporâneos - Banco Alimentar Contra a Larica

Acção Social na ESSF. Entrevista no Banco Alimentar de Évora

O Congresso do PCP no Campo Pequeno: a dialéctica do Ódio

Já se conhece que tipo e modelo de sociedade o comunismo internacional (e em Portugal no decurso do PREC) o PCP preconizava. Se o tivéssemos seguido ainda hoje transitaríamos por caminhos de cabras, como na Albânia.
Ouvir Jerónimo de Sousa 5 min. é um desafio à resistência intelectual de qualquer ser humano, por isso não admira que muitos dos assistentes estivessem a dormitar enquanto Jerónimo debitava a ortodoxia do costume e limpava a gosma no canto da boca. A qual se poderia resumir assim: em cada esquina existe um Champallimaud disposto a tramar os trabalhadores e a penalizar o operariado. Por isso, há que abolir a propriedade privada - que é um roubo (como diria o outro) - e dar-lhe uma orientação mais planificada e dirigista para construir o socialismo e, numa fase ulterior, o comunismo que culminaria com a própria destruição do Estado. Depois viriam os anarquistas...
Mas se Jerónimo quer acabar com o Estado - o desemprego aumentaria, e depois muitos dos assalariados que hoje ainda pagam as quotas ao PCP deixariam de o poder fazer, o que seria mau para a tesouraria do partido. Com a agravante de as velhas fontes de financiamento do comunismo internacional há muito terem desaparecido.
Jerónimo dizia que a crise nacional é anterior à crise internacional. É verdade, mas não apresentou uma única solução racional para conduzir ao equilíbrio social sem perda de competitividade económica. Tanto o PCP como o BE - por serem partidos anti-sistema e por saberem nunca chegar ao poder podem-se prometer o paraíso na Terra, pois nunca terão de governar nada - senão as basófias lidas dos seus próprios - que está a aprisionar a classe operária e o mais conhecido da velha cassete comunista. Se pudessem, obviamente, também dependurariam Sócrates numa vara e plantariam o troféu no Campo Pequeno. E depois diziam, num letreiro em letras garrafais, cá está o nosso Duce...
Jerónimo, carvalhas ou Cunhal - é tudo o mesmo registo, a mesma sopa da pedra. Uma sociedade governada por esta gente implodiria em 6 meses, depois então é que, como dizia a pedagoga desastrada do psd, Ferreira Leite, seria necessário a suspensão da democracia por um semestre para adoptar a Ditadura e, desse modo, implementar as reformas que o País necessita. Enfim, mais uma fraude política...
Nenhum revisionismo, nenhuma adaptação à realidade para fazer face aos desafios e dificuldades do novo tempo, toda aquela verborreia de jerónimo conduz ao ódio social, à prequiça mental, ao acicatar de invejas inter-classistas como se a ex-URSS ainda fosse uma realidade, o muro de Berlim ainda estivesse no ar, com Honecker a dar beijinhos a Leonidas Brejnev - ante toda a Europa de Leste vergada à doutrina da soberania limitada - e os trabalhadores empunhando o seu punho fechado dizendo que a revolução segue dentro de momentos para casa de cada um dos Champallimaud que existe em Portugal.

Seja como for, o PCP tem e deve ser respeitado por que representa muitas pessoas, mas talvez não fosse má ideia que começassem a ser realistas e olhar para a história duma forma menos violenta, com menos goulags nos discursos. Que, de caminho, se democratizassem internamente, que se reformassem, que tornassem o PCP num partido que não fosse retrógrado - e tivessem por referência ideológica o pc Norte-Coreano e Cubano - duas vergonhas totalitárias que ainda se socorrem de métodos totalitários - como forma de regulação social.

Pois são estes, precisamente, os regimes que Jerónimo apoia e elogia publicamente, ora isto é o descrédito completo desta gente. Revela até uma estupidez política inqualificável, reveladora de que nem a dinâmica histórica das últimas décadas perceberam.

Numa palavra: Portugal não é a Sibéria, aqui não se elogiam ditadores que são ao mesmo tempo criminosos promovidos a homens de Estado, de que Kim Jong II - representa um ser execrável. Castro, por seu lado, já deve anos à terra, o que nos faz supor que Deus é demasiado misericordioso. Até porque milhares de cubanos só serão livres com a própria morte de Fidel, momento a partir do qual o regime se terá de reformar e democratizar. Por enquanto, o regime está nas mãos do idiota do seu irmão e de mais meia dúzia de militares parasitas do Estado.

Enfim, ouvir Jerónimo é ouvir a cassete velhinha e riscada do PCP, que já passou de mão em mão pelos seus antecessores. Só muda a cor do papel e a capa do discurso. É perceber que o PCP tem uma memória selectiva, escolhe a parte da história que lhe interessa e esquece aquela outra parte que o compromete dos pés à cabeça. É o sectarismo habitual, adensado sem nenhuma renovação ou promessa de democratização interna que poderia fazer a diferença na esquerda em Portugal. E até reforçar as condições de governabilidade em conjunturas altamente complexas como a que vivemos. Mas o PCP quer é sague nas ruas, contestação social na 5 de Outubro é o que mais lhe convém.. Vivem da crise e para crise, quais "vampiros" do sistema político nacional.

A renovação para esta gente passa só por uma coisa com a qual teremos de viver: destruir o capitalismo (tarefa impossível) - que obviamente precisa de ser regulado e humanizado.

O PCP - escolheu o Campo Pequeno para debitar o seu discurso do ódio em Portugal, embora creia que aquela praça de touros tenha uma outra finalidade - cujas raízes e tradições são de respeitar aos amantes da tauromaquia que aqui não se deveriam misturar com as relíquias do partido comunista mais retrógrado do mundo.

Lamentavelmente, Luís Sá partiu cedo, na flôr da idade, mas era ele que representava a esperança e a renovação do PCP em Portugal, por isso lhe deixamos aqui este breve nota de evocação. Que descanse em paz, onde quer que esteja...

Jon and Vangelis e Era

Jon and Vangelis - I'll Find My Way Home
Gregorian & Vangelis - WISH YOU WERE HERE
Ameno-Era
Era - Mother
Era - Looking for something

Mário Nogueira tem um sonho: passar à história como o algoz da 5 de Outubro

Mário Nogueira será biografado na história do sindicalismo português como o algoz da 5 de Outubro. Explicito: ele julga que terá direito a págs. escritas sobre o seu valente papel na história e evolução do movimento sindical português, mas desconfio que terá apenas umas notas de pé-de-página escritas a vermelho por se ter tornado num radical que pede a cabeça da ministra a cada minuto e, ao mesmo tempo, um candidato primário ao cadeirão de S. Bento.
Porventura, não ocorrerá a esta luminária formatada na escola comunista que existirão centenas, milhares de profes que desejam ser avaliados para, como seriedade e rigor, poderem progredir na carreira!?
Se assim é, e tenho conhecimento de alguns casos, e não é necessário andar nas manifs do costume que só causam calos e injectam preguiça na mente que tritura neurónios, a intransigência do sr. Nugueira - ao inviabilizar essa avaliação possível por parte da 5 de Outubro, nesta fase do campeonato, em lugar de ser parte da solução acaba por ser parte do problema. Por isso, este sindicalista de obediência comunista afigura-se mais como o algoz do processo do que o sacristão da missa que quer ver o rebanho em harmonia no átrio da Igreja aos domingos de manhã.
Alguns, muitos dos profes que se esmeram no seu dia-a-dia por dar o seu melhor, por sistematizar a matéria, por a transmitir com método e de forma estimulante aos alunos, desejam ser avaliados pelo seu justo mérito. E muitos desses profes, para informação ao sindicalista comunista (ou comunista sindicalista!!) até defendem a possibilidade de enviar o seu processo para o ministério da 5 de Outubro a fim de solicitar aí um inspector que possa proceder a essa inspecção/avaliação evitando penalizar mais os profes - seja nas suas legítimas progressões de carreira, seja nas respectivas remunerações a que têm direito.
Sei que muitos profes pensam assim, mas pelo caminho têm o barril de pólvora, um rastilho com tripé chamado Mário Nogueira-Carvalho-da-Silva-Jerónimo-de-Sousa que impede aproveitar o que resta de melhor que o modelo de avaliação tem para dar aos profes, aos alunos e ao sistema educativo em Portugal.
Relembro aqui ao algoz de serviço do PCP que há uns anos o Cunhal tinha o disco riscado, e nele dizia que era necessário acabar com os Champallimaud deste país. Enganou-se, Cunhal e o seu projecto ideológico revelou-se o maior fracasso do séc.XX e a história, essa Mãe de muitas verdades, encarregou-se, irónicamente, de ditar as regras do jogo.
Um jogo em que os alegados algozes acabam nas mãos das vítimas que eles desejariam ardentemente eliminar. A história, felizmente, está repleta destas contradições.
A pergunta que ora se impõe é saber o que Jerónimo e carvalho da silva prometeram a Nogueira?!
Ou seja, o que faz correr Nogueira, esse andarilho, não é, seguramente, só cortar a cabeça da ministra da Educação...

sexta-feira

O sacristão comunista da Fenprof ainda não desistiu de querer cortar a cabeça à ministra da Educação

O sacristão comunista, Mário Nogueira da fenprof, ainda não desistiu de cortar a cabeça às ministra da Educação. Além de candidato a PM proposto por carvalho da Silva e Jerónimo de Sousa - transformou-se também num arruaceiro que vai fazer chiqueiro para a 5 de Outubro. Só falta levar a rolote das farturas e os cãesinhos a ladrar, para que a sua ameaça seja mais credível.
Transformar as suas declarações aos media em tempos de antena eleitoral já enoja. Repito: enoja. Ver o sr. Nogueira em directo também concova a naúsea. Talvez seja sob o signo do nojo e da naúsea que se apresentará a eleições legislativas em 2009.
Entretanto, informe-se o sr. Nogueira que as eleições legislativas são só para o ano, e que nesse tempo ele poderá apresentar os seus brilhantes planos de avaliação para a Educação em Portugal. Ver-se-á, então, se 1/3 dos profes que hoje contestam nas ruas o acompanharão.
Tenho para mim que, pelo menos, os dinossauros-rex - carvalho da Silva e Jerónimo, apoiarão o dito sacristão comunista.
Para já, arranje-se uma medalha de latão ao citado sindicalista - premiando o seu esforço e persistência. Mas como o esforço foi tanto, começou a cheira mal, daí a razão de ser do nojo e da naúsea.
É que já cheira mesmo mal, muito mal...

Que maldade...

As duas raparigas, 11 e 14 anos, aproveitaram um furo no horário da escola para acompanharem dois colegas a casa de um deles – o objectivo seria assistirem a um filme em DVD e jogar PlayStation. Só que a tarde de anteontem, no Lavradio, Barreiro, acabou com uma das jovens forçada a fazer sexo oral, por um terceiro jovem que entrou depois no apartamento, juntamente com outro. Trancou-a na casa de banho, enquanto a amiga fugia para a rua a pedir socorro. O crime, que ocorreu depois das 15h00, "está agora a ser investigado pela Polícia Judiciária de Setúbal", disse ao CM fonte policial. As vítimas, estudantes na Escola de Álvaro Velho, apresentaram ontem queixa na PSP do Barreiro. Acusam um jovem de 15 anos de, com a ajuda dos outros três colegas, as ter forçado a manter relações sexuais. O crime acabou por só ser consumado com uma delas, mas apenas porque a outra conseguiu escapar. Um dos elementos do grupo levou a outra rapariga para a casa de banho e obrigou-a a praticar sexo oral. Depois de fugir do apartamento, a amiga conseguiu alertar as autoridades às 16h55. (...)
Obs: Se a moda pega nas Universidades, nas Empresas (públicas, privadas e mistas) e nos demais sectores da sociedade - temos mais greves nas ruas e o país paralisa. O que é de evitar...

PS aprova sozinha o OE/2009

PS aprova sozinho Orçamento de Estado para 2009
O PS aprovou hoje sozinho o Orçamento do Estado (OE) para 2009 do Governo de José Sócrates, o último da legislatura.
Todas as bancadas da oposição, do CDS- PP ao Bloco de Esquerda, votaram contra o diploma, hoje aprovado em votação final global.
Diário Digital / Lusa

Obs: Era de prever, mas tanto o BE como o cds deveriam viver de duodécimos. Quanto ao pcp é melhor nem dizer nada, volvidos quase duas décadas após a queda do Muro de Berlim ainda não tiveram tempo para se democratizar internamente. Pergunte-se ao camarada Jerónimo se ainda acredita na economia planificada e nos preços fixados administrativamente. Quanto ao essencial, o OE/2009 - esperemos que potencie a coesão social sem perda de competitividade na economia nacional e, já agora, que não onere os portugueses que sempre pagaram muitos impostos, com excepção daqueles que conseguem cometer fraudes fiscais.

Cat Stevens e Terence Trent d' Arby

Remember the days of the old schoolyard
Terence trent d'arby-Sign your name
Terence Trent D'Arby - Delicate

Terence Trent d' Arby - wishing well

Maria de Jesus é portuguesa e é a mulher mais velha do mundo. Gosta de arroz doce e de fotografia. Impressionante...

in PD Maria de Jesus, uma idosa portuguesa nascida em 1893, é, desde esta quarta-feira, a mulher mais velha do mundo, depois do falecimento da norte-americana Edna Parker, que tinha ainda conseguido completar 115 anos.
A mulher mais velha do mundo vive agora na localidade de Corujo, no concelho de Tomar, e tem 5 filhos, 16 netos, 16 bisnetos e dois trinetos. Segundo a organização norte-americana Gerontology Research Group há apenas 73 indivíduos com idades superiores a 110 anos, das quais 65 eram mulheres.
A mulher mais velha do mundo até quarta-feira, a senhora Edna Parker, tinha também nascido durante o longínquo ano de 1893, na cidade de Shelbyville no estado norte-americano do Indiana.
A actual mulher mais velha do mundo, Maria de Jesus, já confessou que o seu doce preferido é arroz-doce e gelados, e escolheu sempre o peixe e os legumes, em vez de carne. E conseguiu manter sempre o seu perfeito estado de saúde sem nunca ter bebido café, sem nunca ter fumado e sem nunca ter tocado em álcool.
Maria de Jesus tem um estado de saúde invejável e foi apenas operada uma vez em 111 anos, às cataratas. No entanto é cega desde criança de um olho. Segundo Madalena de Jesus, a filha com quem vive, a sua Mãe gosta de ser ela a fazer tudo, gosta muito de tirar fotografias, gosta muito de tomar banho e não gosta que a agarrem.
Obs: Dê-se os parabéns reforçados à Srª Maria de Jesus.

A hiper-realidade e o hiper-tempo

A velocidade com que hoje tomamos decisões e montamos e desmontamos a realidade é alucinante. A realidade subjugou-se a um novo conceito, a hiper-realidade e o tempo encontrou sucedâneo no hiper-tempo, uma espécie de nova categoria de "religião" que hoje nos guia a todos na vida pessoal, profissional e social. Por isso estamos viciados na velocidade, i.é, encaramos o tempo e a realidade de modo diverso, o que nos leva a contracções terríveis naqueles domínios (pessoais e institucionais).
Mas isto tem razões. Nas tecnologias, no capital e no modo simbólico de produzir e distribuir bens e serviços - por vezes simulados - com que hoje todos nos relacionamos. Vamos por partes. Estando viciado em velocidade a nova sociedade funciona também em tempo real. O que dantes demorava um, dois, três anos a adquirir hoje consegue-se na hora. Licenças camarárias, por exemplo, são expressão dessa novel realidade administrativa - que hoje aparece mais rápida e simplificada.
A digitalização da informação permitiu muita coisa, ao desestruturar todo o referencial administrativo anterior rompeu com os velhos métodos de trabalho fornecendo agora novas relações acerca do que é verdadeiro e falso, do que é legal e ilegal, possível e impossível.
Mas se neste caso da simplificação administrativa o tempo opera como um activo, já no caso da economia (macro) dos preços (em contexto de globalização predatória, como lhe chama R. Falk) - que são definidos ao minuto, as empresas são obrigadas a competir em rapidez para desenvolver, fabricar e colocar produtos e serviços no mercado em tempo real. É como se toda a sociedade estivesse ligada ao satélite e todos tivessem que operar nessa base. É alucinante. É como se uma estação de TV cobrisse uma guerra e estivesse a reportar os seus danos colaterais em directo.
É dar a possibilidade aos pais, familiares e amigos das pessoas que foram para a guerra de assistirem à sua morte em directo. Este exemplo limite - quase sem grandes mediações de tempo - é o que aqui designamos de hiper-tempo e hiper-realidade.
Mas o problema em todo este processo coloca-se no plano do novo quadro de valores que temos que ter para não ficar perdidos nesse deserto do hiper-tempo. Se, por um lado, a rapidez com que transacionamos produtos e serviços é útil por outro, essa mesma lógica radicaliza-se e acaba por se virar contra nós. Ou seja, dantes a ameaça vinha do real, era identificada a sua origem e actores, a economia e as pessoas tinham tempo de adaptação para se conformar com as inovações.
Hoje, ao invés, a ameaças vêm de todos os lados: da simulação, da dissimulação das relações pessoais e institucionais - que desintegram todas as velhas contradições, eliminado os velhos referenciais. E como não temos novos guias fica-se no escuro da decisão política e empresarial. É aqui que perdemos todos, apesar do mundo ser mais veloz.
Numa palavra, hoje já não brincamos ao real, todas as brincadeiras se desintegram na simulação de jogos mais ou menos manhosos volatilizados por signos, simbolos e modus de conduta artificais que - nos planos político, social, económico e até pessoal - artificializam todo o quadro da relação do homem em sociedade.
Hoje ao simularmos, já nem sabemos que o estamos a fazer, e esse é um dos grandes dramas do nosso tempo, essa é uma das razões de histeria (individual) e colectiva que nos tolhe a todos.
Talvez por isso quando nos perguntam as horas, devemos responder que é tarde...

Nova medida ao abrigo do programa SIMPLIS. Mais uma boa nova

  • O actual Executivo na CML arrisca-se a fazer mais pela simplificação administrativa na cidade de Lisboa num ano do que a autarquia fez na última década.
    Não é difícil comprovar isso. E a ser assim boa parte da oposição poderia colher aqui inspiração política para fazer algo pela sua terra, por este nosso querido Portugal, como diria o Eça. Mas parece que a oposição - quando não faz purgas (leia-se, BE ao "Zé"), propõe o congelamento da Democracia ao semestre (Ferreira Leite) tendo a Ditadura como sucedâneo.
    Agora só falta mesmo vir o PCP dizer que o António de Sommer Champalimaud ressuscitou e vai colonizar Marte.
A partir de hoje, a Câmara Municipal de Lisboa disponibiliza mais um serviço na hora, no atendimento municipal. As certidões de licenças de utilização que se encontram digitalizadas são entregues no momento da sua solicitação, no balcão de atendimento geral da Câmara Municipal de Lisboa (Campo Grande, n.º 25).
Esta medida enquadra-se no âmbito do Simplis, Programa de Simplificação Administrativa de Lisboa e contribui para melhorar os serviços prestados aos munícipes e cidadãos de Lisboa.

Política de verdade. Já não podemos fugir...

Hoje o nosso mundo é habitado por três tipos de pessoas: os normais, mais sedentários do que nómadas, e depois temos os turistas e os refugiados. Nesta medida, ou aceitamos a mudança ou procuramos escapa dela. O problema neste último caso é que, num mundo cada vez mais conectado e transparente - já não podemos fugir para lado nenhum, nem sequer há já esconderijo seguro. Basta perguntar a Slobodan Milosevic. Infelizmente, Bin Laden ainda continua a ser uma excepção a esta regra. Resta saber, até quando...

Manifesto Anti-Dantas e Luiz Pacheco. Evocação de Almada Negreiros...

Manifesto Anti-Dantas
Luiz Pacheco 82 anos

Acção e Jamiroquai

HOW TO DRESS A SUPPORT
Jamiroquai - Runaway
Alright - Jamiroquai
Jamiroquai - Love Foolosophy
Virtual Insanity - Jamiroquai LIVE
  • A importância de Jamiroquai na música foi semelhante à introduzida pelo sistema Windows na informática. Revolucionou o conceito, e isso bastou para fazer a diferença. Uma grande diferença.

Meet My CV. Uma forma original de promover o seu CV e potenciar a empregabilidade em Portugal

Conheça o projecto - Meet My CV [link]

Evocação de Milan Kundera

(...) Porque o grande segredo da vida não lhe era desconhecido: as mulheres não procuravam o homem bonito. As mulheres procuram aquele que teve mulheres bonitas. É portanto um erro fatal ter uma amante feia. (...)
in ML, LRE.

KUNDERA NO "BALOIÇO" FOI A ENTREVISTA MAIS "ORIGINAL" QUE JÁ VI. UMA ENTREVISTA QUE SÓ TEM 40 ANOS... AO VER E OUVI-LO PREFIRO LÊ-LO. LÊ-LO PARA ESQUECER ESTA ENTREVISTA.

Milan Kundera - INTERVIEW 1968

Mike Oldfield e Johnny Nash

Mike Oldfield TUBULAR BELLS III Secrets/Far above the clouds
I Can See Clearly Now (tradução) Johnny Nash

Reflexão do dia

A situação dos Mercados Financeiros é tão má que as Mulheres estão outra vez a Casar por Amor!!
Com um abraço ao J. Zambujo

Ferreira Leite: depois do dislate(s) a pedagogia do "estudo" para culminar na próxima vacuidade

A srª Ferreira leite fazia um favor à nação (e ao seu netinho) se abandonasse com carácter de urgência o cargo que ocupa na Lapa e regressasse ao lar doméstico para fazer o bacalhau espiritual. O país livrava-se de mais uma tonelada de dislates, o psd libertava-se de um câncer político que frustra diáriamente as suas bases, o PS beneficiaria de uma oposição mais inteligente e construtiva e nós, aqui, deixaríamos também de ter razões para postar estas fotos - que em nada valorizam este espaço de reflexão e lazer.
Agora a srª faz a apologia do "estudo".
Recorde-se à srª leite que o seu momento de graça à frente do PSd já lá vai, e depois há pessoas - que nem com estudo lá vão. Leite tem provado isso sempre que aparece. Ao menos, quando estava hibernada, as suas incapacidades eram mais dissimuladas.
Hiberne-se a srª.
PSD, in TSF
Ferreira Leite recusa «construção mediática» e aposta na política do estudo
Hoje às 21:29A presidente do PSD disse, esta quinta-feira, querer marcar a diferença na atitude perante a política, recusando a «construção mediática de curto prazo» e apostando no esforço e no estudo para estar pronta para governar.

quinta-feira

"Mai nada". Género: comédia com Avelino Ferreira Torres

Avelino Ferreira Torres

Avelino Torres pt1

Está deprimido??? Então veja isto. É do Norte...

Apanhados TVI Porto

Reflexão da noite. Evocação de Baruck Espinosa

Por vezes intuimos o que se passa à priori, mas o Homem mais complexo quer sempre encontrar uma razão irrefutável, um fundamento lógico para aquilo que supõe como certeza provável.

Daí a vantagem de recuperar Espinosa e fragmentos do seu pensamento. Decorre isto das balizas que sempre devemos ter com os afectos, de tal modo que que a única possibilidade de triunfar sobre um afecto negativo, uma paixão irracional, como sublinha o filósofo, requer um afecto positivo ainda mais forte desencadeado pela razão.

Ou seja: um afecto não pode ser controlado ou neutralizado excepto por um afecto contrário mais forte do que o afecto que necessita de ser controlado.

Na prática, Espinosa sugeria que lutássemos contra as emoções negativas com emoções ainda mais fortes mas positivas, conseguidas mediante o raciocínio e o esforço intelectual. A noção de que o subordinar das paixões devia depender de emoções guiadas pela razão, - integra o pensamento de Espinosa.

Trata-se, de facto, duma recomendação nada fácil de realizar, mas Espinosa nunca deu grande valor a nada que fosse fácil.

Milk & Honey - Seven Seconds

Aznavour, Léo Ferré e Brel. Tempo-Transcurso e contracção da memória

Tudo boas razões para beber. Aznavour até sólidos deve beber...
A memória quando acorda faz duas coisas: ganha cor e abana como a gelatina. Depois só temos de a saber comer e esquecemos tudo. O fenómeno repete-se ad eterno, até o ciclo da vida se fechar nesse fio ténue da ilusão.

Charles Aznavour - Je bois
Léo Ferré - La Solitude
Charles Aznavour - Hier encore

Ne me quitte pas

Viva o 1.º de Dezembro!

Viva o 1.º de Dezembro! No próximo 1.º de Dezembro comemoram-se 368 anos da Restauração da Independência.
Logo em 5 de Dezembro de 1640, Olivença, assim que lhe chegaram notícias da revolta, repudiou o domínio filipino e fez jus à divisa que lhe fora outorgada pelos Reis de Portugal: NOBRE, LEAL E NOTÁVEL VILA DE OLIVENÇA!
Ocupada militarmente em 1801, desde então sob administração espanhola e forçadamente separada das demais terras portuguesas, Olivença constitui alerta eloquente para todos aqueles que querem um Portugal verdadeiramente livre e independente.
Lembrando a NOBRE, LEAL E NOTÁVEL VILA DE OLIVENÇA, e apelando à participação cívica de todos na defesa da sua portugalidade, o Grupo dos Amigos de Olivença participará como habitualmente nas comemorações públicas do Dia da Restauração.
Convidam-se todos os associados e apoiantes a integrarem a Comitiva do Grupo dos Amigos de Olivença que se concentrará, no dia 1.º de Dezembro, às 15:30 horas, frente à Casa do Alentejo, dali saindo para comparecer nas cerimónias oficiais que terão lugar às 16:00 horas, na Praça dos Restauradores, em Lisboa.
Para Lembrar e Reencontrar Olivença! Lx., 23-11-2008. A Direcção
Obs: Já agora, reclame-se também a chamada "África portuguesa" - não para a explorar, saquear e oprimir, como no passado, mas para a modernizar e desenvolver. Seria um 1.º de Dezembro original e mais elástico e que poderia ir do Algarve ao Minho - passando por Timor.
E por falar em Timor - recorde-se que Xanana Gusmão veio a Portugal tratar-se duma dor de costas e, de caminho, encomendar 50 mil Magalhães.

O absurdo em flash: um retrato tosco de Portugal em 7 segundos

Quem tropece na caixa negra e assista 5 min. às notícias do rectângulo pode assistir aos seguintes factóides: a Casa Pia e os profes queixam-se das avaliações. A Justiça parece não fazer justiça nenhuma, porque reina a confusão e os (verdadeiros) factos - esses - nunca os chegaremos a conhecer; uma das profes (sem aqui querer estabelecer algum paralelo entre um caso e outro) também se queixa, aduzindo esta pérola:

    • "Eu não tenho tempo de ser mulher porque estou sempre na escola."

Agora só falta dizer que os malandros dos pedófilos ainda não estão na pildra porque o Sócrates está a manietar o processo.

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Neneh Cherry & Youssou N'Dour - 7 Seconds

Seven seconds away

Direita e Esquerda: contribuições de Bobbio e Giddens para o debate político

  • Direita e Esquerda: contribuições de Bobbio e Giddens para o debate político
As obras Direita e Esquerda (Norberto Bobbio) e Para Além da Esquerda e da Direita (Anthony Giddens) vieram a público em 1994. Nelas seus autores abordam temas eminentemente políticos, inovando ou aprimorando concepções norteadoras do fazer político contemporâneo. O italiano Norberto Bobbio e o inglês Anthony Giddens são personagens importantes do campo acadêmico, que merecem ser lidos por qualquer cidadão.
No livro Direita e Esquerda, Bobbio se dedica a tratar da diferença entre os dois campos políticos. Esta pequena mas densa obra abarca uma defesa da legitimidade da díade direita e esquerda no atual cenário político. Bobbio rebate os inúmeros argumentos contrários à distinção, expõe critérios estabelecidos por diversos autores para diferenciar os dois pólos e coloca seu próprio elemento fundamentador da dicotomia.
Anthony Giddens, em Para Além da Esquerda e da Direita, toma outro percurso na condução do seu tema. Ao invés de explanar a respeito do par direita e esquerda, este autor se dedica a formular uma proposta que vá além da esquerda e da direita. Giddens toma elementos dos dois campos para elaborar sua síntese.
As páginas a seguir buscam mostrar de forma sucinta os principais tópicos das duas obras. A compreensão mais profunda, é claro, só será conseguida através da leitura dos próprios livros. De qualquer forma, este trabalho é a minha contribuição para continuidade do debate sobre esse tão controverso tema da vida política.
As palavras direita e esquerda foram associadas ao universo político no período da Revolução Francesa. De lá para cá já se passaram mais de dois séculos e a distinção entre os dois termos ainda suscita discussões, ganha espaço nos meios acadêmicos e permeia a linguagem política. Apesar das objeções (que são várias) à validade da díade, ainda é corrente expressões como “direita parlamentar”, “esquerda parlamentar”, “governo de direita” e “governo de esquerda”. Legítima ou não a persistência da dicotomia, o fato é que o pequeno livro de Bobbio obteve um expressivo sucesso de vendas (mais de 200.000 exemplares no ano de publicação) e dezenove traduções, passando não só pelos países europeus como também na América do Sul e na Ásia.
Considerado por Anthony Giddens como o “mais polêmico livro sobre o tema da esquerda e da direita nos últimos tempos”, tentaremos nas linhas a seguir discorrer sobre os principais tópicos dessa densa obra de Norberto Bobbio. Conforme o autor italiano, o livro aqui tratado nasce da constatação das repetidas afirmações de que a distinção não tem mais razão de ser. O renomado liberal-socialista sai em defesa da dicotomia, mas de antemão afirma está “olhando as coisas com uma certa distância”. De certa forma é até necessário o lembrete sobre o cuidado em não cair numa simples análise valorativa, pois o leitor desavisado poderia logo associar o título da obra com a trajetória de esquerda do autor e concluir de forma equivocada que o texto não passa de um panfleto esquerdista.
Dentre a avalanche de argumentos utilizados para desqualificar a permanência da díade, Bobbio expõe primeiro os secundários: crise das ideologias; a complexidade das sociedades democráticas; o surgimento de movimentos e problemas que não se enquadram no esquema tradicional (Direita - Esquerda). Bobbio responde à primeira objeção da seguinte forma: “(...) não há nada mais ideológico do que a afirmação de que as ideologias estão em crise. E depois, esquerda e direita não indicam apenas ideologias” (BOBBIO, 2001, p.51). Os dois termos são encarados como programas contrapostos de idéias, interesses e de valorações a respeito da direção a ser seguida pela sociedade. Quanto à opinião da complexidade da sociedade tornar inadequada a existência de apenas duas partes contrapostas no universo político, o autor diz que a distinção direita e esquerda não exclui posições intermediárias. Prova disso é o “centro” ou também denominado de Terceiro Incluído; há ainda o Terceiro Inclusivo. O Terceiro Incluído busca um espaço entre dois opostos; não é nem de direita nem de esquerda, mas está entre uma e outra. O Terceiro Inclusivo tende a ir além dos dois opostos e a englobá-los numa síntese superior. Segundo Bobbio, o Terceiro Inclusivo apresenta-se normalmente como uma tentativa de Terceira Via no debate político; uma doutrina em busca de uma práxis. Podemos enquadrar a proposta de Giddens nessa categoria de Terceiro Inclusivo, pois o sociólogo inglês propõe na obra Para Além da Esquerda e da Direita uma “política radical reconstituída, que recorra ao conservadorismo filosófico mas que preserve alguns dos valores centrais que até agora estiveram associados ao pensamento socialista”. Portanto, a pretensão de Giddens é elaborar uma síntese dos opostos. A terceira razão posta para rejeitar a díade se apóia no surgimento de um Terceiro Transversal, mostrando o caso dos Verdes como um movimento que atravessa os dois campos. Os Verdes, diz Bobbio, não tornam anacrônica a velha díade, mas sim tendem a se redividir em novas versões dos dois pólos.
As razões discutidas até aqui são tidas como “secundárias” pelo autor. Veremos agora os dois principais argumentos que foram colocados para refutar a clássica díade. O primeiro é pautado na seguinte idéia: onde não há esquerda não há direita e vice-versa. A queda dos regimes comunistas passou a ser vista como o fim da esquerda por muitos grupos, inclusive por movimentos que se autoproclamaram de esquerda. Com a desautorização de um dos termos (neste caso a esquerda), a díade é negada. Bobbio se contrapõe a esse novo ceticismo com uma retórica sobre reação de autodefesa. Como uma das partes adquire grande relevância em detrimento da outra, a parte frágil passa a desautorizar a díade para ocultar a própria debilidade. Diz o autor: “Em um universo no qual as duas partes contrapostas são interdependentes, no sentido de que uma existe se também existe outra, o único modo de desvalorizar o adversário é o de desvalorizar a si mesmo” (BOBBIO, 2001, p.63). O último argumento posto para negar a díade diz que as duas etiquetas se tornaram meras ficções. Os “destros” e os “esquerdos” dizem as mesmas coisas, formulam mais ou menos os mesmos programas e propõem os mesmos fins imediatos. Direita e esquerda não existiriam mais porque entre um lado e outro não haveria mais aquelas diferenças merecedoras de nomes diversos. A resposta a esta derradeira objeção será dada por Bobbio quando ele estabelecer o critério de distinção entre as partes.
Antes de nos dedicarmos ao critério proposto por Bobbio, vamos discutir um pouco a respeito do caráter antagônico da política. Depende unicamente de um fato acidental que, na visão “diádica” da política, as duas partes de díade tenham recebido o nome de “direita” e “esquerda”. O nome, argumenta o autor, pode mudar, mas a estrutural essencial e originalmente dicotômica do universo político permanece. A essência da política é a luta de idéias e políticas opostas.
O cerne da obra consiste na defesa da legitimidade do par esquerda e direita. Tal intuito passa pela exposição de um critério que diferencie as partes e o escolhido por Bobbio é a atitude diante da igualdade. Fala o autor: “(...) de um lado estão aqueles que consideram que os homens são mais iguais que desiguais, de outro os que consideram que são mais desiguais que iguais” (BOBBIO, 2001, p. 121). Esse contraste é complementado por outro: a esquerda acredita que a maior parte das desigualdades é social e, enquanto tal, eliminável; a direita acha que a maior parte delas é natural e portanto ineliminável. É válido ressaltar o caráter relativo do conceito de igualdade, sendo submetido a três variáveis: igualdade entre quem, em relação a que e com base em quais critérios. Uma enorme variedade de tipos de repartições igualitárias pode ser obtida com a combinação destas três variáveis. Bobbio aproveita o tópico para diferenciar a doutrina igualitária do igualitarismo. Para ser de esquerda não é preciso proclamar o princípio da “igualdade de todos em tudo”. Em outras palavras, afirmar que a esquerda é igualitária não quer dizer que ela também é igualitarista. Um movimento inspirado pela doutrina igualitária tende a reduzir as desigualdades sociais e a tornar menos penosas as desigualdades naturais. O igualitarismo defende a idéia de que todos os homens devem ser iguais em tudo, independentemente de qualquer critério discriminador. Bobbio considera o igualitarismo uma visão utópica.
Podemos sintetizar a diferenciação das partes com as seguintes palavras: a esquerda é mais igualitária e a direita é mais inigualitária. Conforme vimos, a distinção entre esquerda e direita refere-se ao diverso juízo positivo ou negativo sobre o ideal da igualdade. Bobbio considera esta tese como colocada em um nível de abstração que serve apenas para distinguir dois tipos-ideais. O conceito de tipo ideal é oriundo da teoria de Max Weber, servindo como um instrumento auxiliar para o pesquisador construir um modelo simplificado do real. No caso aqui estudado, Bobbio se utilizou do recurso para trabalhar um tipo ideal de esquerda e outro de direita. Novamente recorrendo a Weber, o que dá valor a uma construção teórica é a concordância entre a adequação de sentido que propõe e a prova dos fatos; caso contrário, ela se torna inútil, seja do ponto de vista explicativo ou do conhecimento da ação real. A fim de aproximar a tese elaborada e o empírico para provavelmente dar valor a sua construção teórica, Bobbio volta os olhos para questões políticas específicas. De acordo com o autor italiano, a diferença entre os dois tipos-ideais resolve-se concretamente na avaliação da discriminação, questão migratória, voto feminino e outros casos da realidade social. Em termos práticos, as doutrinas e movimentos de esquerda buscam favorecer as políticas que objetivam tornar mais iguais os desiguais.
Ao lado da díade igualdade-desigualdade, Bobbio coloca outra não menos importante historicamente: liberdade-autoridade. Enquanto a apreciação diante da igualdade distingue a direita da esquerda, a postura frente à liberdade é o valor que separa os moderados dos extremistas no interior de cada um dos campos. A contraposição entre extremismo e moderantismo reside no método; a antítese entre direita e esquerda está relacionada aos fins. A antidemocracia é o ponto em comum historicamente mais persistente e significativo entre os extremistas. Não obstante as características comuns, fascismo e comunismo representam na história do século XX a grande antítese entre direita e esquerda.
Antes de finalizar o livro, Bobbio comenta mais uma indicação de que a doutrina igualitária é a característica distintiva da esquerda. O autor discorre sobre o fato a seguir: um dos temas principais da esquerda histórica foi a remoção da propriedade individual. Esta propriedade foi considerada (da Antigüidade até o século XIX) um dos maiores, senão o maior, obstáculo à igualdade entre os homens. A luta pela abolição da propriedade individual e pela coletivização dos meios de produção sempre foi encarada pela esquerda como uma luta pela remoção do principal obstáculo para a realização de uma sociedade de iguais; uma luta pela igualdade.
Anthony Giddens se ocupa desta obra do autor italiano no livro A Terceira Via. O teórico inglês diz inclusive que os argumentos de Bobbio são dignos de ser ouvidos. O “pai” da Terceira Via concorda que a distinção esquerda/direita não vai desaparecer e com a perspectiva da desigualdade no cerne da dicotomia. No entanto, a definição de Bobbio necessita de algum refinamento na opinião de Giddens. Este acrescenta o seguinte: a esquerda busca não somente igualdade, mas também acredita que o governo deve desempenhar um papel-chave na promoção dessa meta. Para o sociólogo inglês, é mais preciso dizer que “ser de esquerda é acreditar numa política de emancipação. A igualdade é importante sobretudo por ser relevante para a oportunidade de vida, o bem-estar e a auto-estima das pessoas” (GIDDENS, 2001, p.51). Apesar do “refinamento” acrescentado por Giddens, percebemos que há concordância na base da questão sobre o par esquerda/direita. Os dois autores ─ um liberal-socialista e o outro estigmatizado de “pai” da Terceira Via ─ deram contribuições importantes para expansão desse tão profundo debate, influenciando personalidades e partidos políticos pelo mundo a fora.
Anthony Ggiddens também escreve sobre a diferença entre a esquerda e a direita. Na obra Para Além da Esquerda e da Direita, ele trata da direita neoliberal que passou a defender o domínio dos mercados, enquanto a esquerda apóia maior previdência e provisão públicas. Em um plano mais geral, Giddens vai distinguir as duas partes do campo político de forma parecida com Bobbio. Diz aquele: “No todo, a direita aceita melhor a existência de desigualdades do que a esquerda, e está mais propensa a apoiar os poderosos do que os desprovidos de poder” (GIDDENS, 1996, p.284). O direcionamento deste livro, contudo, não segue o mesmo caminho trilhado por Bobbio. Giddens vai tratar de uma temática que contempla a díade direita-esquerda, mas não se resume a ela.
Segundo Giddens, a sociedade passou por mudanças significativas nas últimas cinco décadas. Processos como a globalização e a expansão da reflexividade social alteraram o contexto da vida política, levando ao questionamento dos paradigmas políticos até então existentes. O resultado disso foi a desintegração do socialismo, do conservadorismo e os paradoxos do neoliberalismo. Diante desse quadro, o autor indaga pela solução: qual é a alternativa política?
A intenção primordial do autor inglês na obra supracitada é a elaboração de uma “política radical reconstituída” que vá além da tradicional dupla direita-esquerda. Tal proposta radical, afirma Giddens, é formada a partir de elementos do conservadorismo filosófico juntamente com alguns valores centrais do pensamento socialista. O conservadorismo filosófico consiste numa política de proteção, preservação e solidariedade. A estrutura de política radical desenvolvida pelo autor é fundamentada em seis pontos que são expostos no decorrer de todo o livro. Voltaremos nossa atenção para discutir o cerne do programa radical de Giddens.
O primeiro ponto levantado consiste na preocupação de se restaurar as solidariedades danificadas, implicando às vezes na preservação ou até mesmo a reinvenção da tradição. Esse teorema, afirma Giddens, aplica-se a todos os níveis que fazem a ligação das ações individuais; seja em pequenos grupos, no Estado ou nos sistemas mais globalizados. A questão da reconstrução de solidariedade social deve ser entendida como “reconciliação de autonomia e interdependência” nas diversas esferas da vida social, inclusive no domínio econômico. Um instrumento importante colocado pelo autor para promover o par autonomia e solidariedade consiste na chamada confiança ativa: é a confiança que tem de ser conquistada ao invés de vir da efetivação de posições sociais ou de papéis de gênero. A esfera da família é tomada como exemplo de um espaço carente de reconstrução de solidariedade. Não é preciso sustentar os “valores da família tradicional”, mas sim fortalecer os comprometimentos e obrigações – baseados em confiança ativa – no interior das atuais formas familiares.
A política de vida é o segundo ponto da proposta radical de Giddens. Ela consiste numa política de estilo de vida e está relacionada à disputas e contendas sobre a maneira pela qual nós deveríamos viver em um mundo onde aquilo que costumava ser fixado pela natureza ou pela tradição está atualmente sujeito a decisões humanas. A política de vida compreende uma política de identidade e de escolha, abarcando questões ecológicas, feministas, econômicas e de trabalho. Novos desafios enfrentados pela humanidade exigem decisões diante de um leque de possibilidades bem maior do que havia antes.
Mais um ponto fundamentador do programa é a chamada política gerativa. Segundo Giddens, é uma política que busca permitir aos indivíduos e grupos fazerem as coisas acontecerem ao invés de esperarem que lhes aconteçam. Ela opera fornecendo condições materiais e estruturas organizacionais para as decisões de políticas de vida tomadas por indivíduos e grupos na ordem social ampla. Uma política dessas depende da construção de confiança ativa nas instituições do governo ou nas agências governamentais. O autor considera a política gerativa como o principal meio de se abordar com eficiência os problemas de pobreza e de exclusão social nos dias de hoje. Essa modalidade de política implica nas seguintes circunstâncias: promover as condições sob as quais os resultados desejados possam ser alcançados; criar situações nas quais a confiança ativa possa ser estabelecida e mantida; conceder autonomia aos afetados por programas ou políticas específicas; gerar recursos que ampliem a autonomia e, por último, a descentralização do poder político. Dessa forma, a política gerativa alcança uma série de domínios nos quais as questões políticas surgem e devem ser respondidas. A prevenção é citada como um exemplo da aplicação da política gerativa. Por exemplo, muitas mulheres deixam seus companheiros devido à violência que sofrem com eles. Um programa gerativo estaria interessado, acima de tudo, em reduzir os níveis dessa violência.
O quarto ponto levantado por Giddens diz respeito à idéia de democracia dialógica. Em uma ordem social mais reflexiva e globalizadora, surge a necessidade de incrementar formas mais radicais de democratização. A extensão da democracia dialógica é vista pelo autor como representante de uma parte de um processo de democratização da democracia. A democracia dialógica consiste numa maneira de criar uma arena pública na qual assuntos controversos possam ser resolvidos ou, pelo menos, abordados por meio de diálogo e não por formas preestabelecidas de poder. Além da esfera política formal, essa modalidade de democracia avança em quatro áreas interligadas: vida pessoal, movimentos sociais e grupos de auto-ajuda, arena organizacional e, por último, ordem global maior. Na área da vida pessoal – relações entre pais e filhos, relações sexuais, relações de amizade –, a democracia dialógica avança até o grau em que tais relações são ordenadas por meio do diálogo e não por meio do poder arraigado. Segundo Giddens, os indivíduos dotados de um bom entendimento da própria constituição emocional e capazes de se comunicar de maneira eficiente com os outros em uma base social estão bem preparados para as tarefas mais amplas da cidadania. Já os grupos de auto-ajuda e movimentos sociais contribuem para expansão da democracia dialógica pelo fato de abrirem espaços para o diálogo público com relação aos assuntos pelos quais se interessam. As organizações também vivem processos democratizadores internamente, estimulando a superação do modelo de organização burocrática. Quanto à ordem global maior, pode-se falar no estabelecimento de formas de democracia em nível global.
O tópico seguinte da proposta radical reside em “repensar o welfare state”. Conforme Giddens, o welfare state foi formado como um “compromisso de classe” ou “acordo” em condições sociais que, atualmente, se alteram de maneira bastante acentuada. Por exemplo: seus sistemas de seguridade foram projetados para enfrentar muito mais o risco externo do que o artificial; o welfare state estava ligado a um modelo implícito de papéis de gênero tradicionais, pressupondo a participação masculina na força de trabalho assalariado enquanto a mulher permanecia no lar; o Estado-nação era forte e outras circunstâncias mais que também foram modificadas nesse contexto de globalização intensiva e de reflexividade social. O autor acha que um novo “acordo” se faz urgentemente necessário hoje. Um welfare state repensado não pode mais assumir a forma de uma distribuição de cima para baixo. As medidas previdenciais devem possibilitar a aquisição de poder e não ser meramente “distribuídas”; elas devem se preocupar exatamente com a reconstrução de solidariedade social. Esse novo acordo deve dar a devida atenção ao gênero e não somente as classes.
O sexto e último ponto do programa de política radical está relacionado ao problema da violência nas questões humanas. Giddens considera esse problema um dos mais difíceis de lidar em termos de teoria política. Em quaisquer circunstâncias sociais, afirma o autor, existe apenas um número limitado de formas para tratar com o conflito de valores. Uma delas é por meio da segregação geográfica: os indivíduos ou as culturas de tendências conflitantes podem coexistir se tiverem pouco contato. Outra forma é o distanciamento: um indivíduo ou grupo que não convive bem com o outro pode mudar-se. Uma terceira forma de enfrentar a diferença cultural ou individual é por meio de diálogo. Aqui um embate de valores pode ser um meio de auto-entendimento e comunicação ampliados, pois a melhor compreensão do outro conduz a uma melhor compreensão de si mesmo. Finalmente, um embate de valores pode ser resolvido pelo uso da força ou da violência. As duas primeiras opções tornam-se drasticamente reduzidas na sociedade globalizante em que vivemos; afinal, nenhuma entidade social maior pode isolar-se da ordem cosmopolita global com muito sucesso. O diálogo entre grupos culturais e Estados é um meio de substituir o uso da violência pela conversa.
Esses tópicos expostos formam o âmago da proposta de Giddens; anos mais tarde este autor vai aprofundar o debate com a obra A Terceira Via. Giddens acha que o mundo está radicalmente modificado e por isso necessita de um programa radical que supere as concepções tanto da direita como da esquerda. Os interessados no fazer político deste autor precisam conhecer a obra aqui tratada. tica de identidade e de escolha, abordando quest ser fixado pela natureza ou pela tradiçaonsiste na chamada confiança.
Norberto Bobbio e Anthony Giddens compartilham de uma concepção semelhante sobre o critério responsável pela distinção entre os campos políticos; ambos consideram a igualdade um fator pertinente para diferenciar a dicotomia. Os dois divergem quanto ao valor dado às concepções da direita e da esquerda enquanto mecanismos para nortear a elaboração de soluções para os problemas da sociedade. Bobbio ainda crê na divisão direita-esquerda como um importante instrumento de orientação, sendo um meio de o cidadão escolher candidatos e até guiar a prática política de cada um. Já Giddens acha que as velhas ideologias da direita e da esquerda não oferecem respostas satisfatórias para o mundo de hoje; por isso ele formula um programa político que busca ir além da dicotomia. As duas obras colocam e esclarecem questões que são de fundamental importância para o arcabouço teórico de qualquer interessado na construção de um mundo melhor.
O contexto e o local são elementos cruciais para melhor compreensão de qualquer obra. Os dois livros discutidos nessas linhas foram escritos num momento de grandes dúvidas vividas pelas sociedades contemporâneas, sobretudo as européias. Em meados da década de noventa a polarização entre capitalismo e socialismo real já estava praticamente extinta; as dicotomias Deus–diabo e burguesia-proletariado há muito passavam por um processo de deslegitimação; para finalizar, aumenta o coro de que a díade direita-esquerda não possui mais razão de ser. Enfim, “grandes” dicotomias debatidas por muito tempo nas ciências humanas estavam em declínio. É a partir desta conjuntura permeada pelo ceticismo que Bobbio e Giddens impulsionam o debate acerca dos referenciais políticos.
Os apontamentos de Bobbio são extremamente interessantes e frutíferos para refletirmos sobre a carência de utopias no universo político. A obra deste italiano pode ser de suma importância na construção de um ethos de esquerda ou de direita – conforme a preferência de cada um. Assim como Bobbio, prefiro me colocar à esquerda no espectro político. As reflexões anteriormente expostas podem auxiliar indivíduos e coletivos na construção de uma práxis cotidiana.
A proposta de uma política radical colocada por Giddens parece não se enquadrar bem com a situação de países como o Brasil. O pai da Terceira Via trabalha bastante na obra a idéia de mudar valores coletivos sem antes tocar nas condições econômicas e sociais da sociedade. Fica então a pergunta: para que tipo de sociedade é cabível a proposta radical? Os países “desenvolvidos” da Europa, os ditos emergentes ou os “subdesenvolvidos”? Considero complicada a mudança de determinados comportamentos coletivos quando as pessoas sequer possuem condições dignas de sobrevivência. De qualquer forma, tais descompassos não retiram o mérito da obra.
Referências bibliográficas BOBBIO, Norberto. Direita e Esquerda. São Paulo: UNESP, 2001. GIDDENS, Anthony. A Terceira Via. Rio de Janeiro: Record, 2001. _________. Para Além da Esquerda e da Direita. São Paulo: UNESP, 1996. ©Copyright 2001/2006 - Revista Urutágua - revista acadêmica multidisciplinar Centro de Estudos Sobre Intolerância - Maurício Tragtenberg Departamento de Ciências Sociais Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Obs: medite-se nesta velha discussão. Direita vs Esquerda - mais do que duas ideologias clássicamente em confronto na vida e organização política das sociedades ela representa, com adaptações a cada conjuntura e à própria evolução do quadro de mentalidades do tempo que passa - assim como ao estádio de desenvolvimento das tecnologias que acabam por formatar o campo das relações de produção, distribuição e, evidentemente, o domínio da fixação das relações laborais, duas cosmovisões não apenas da política, da economia e da sociedade - mas do próprio mundo e da forma como o Homem e as organizações se devem comportar no seu seio.
Mais do que duas ideologias em confronto, são quase duas "religiões" que, a cada momento e em cada sociedade, buscam soluções políticas para problemas concretos, na certeza de que muitas dessas soluções pouco ou nada têm a ver com as ideologias e os programas matriciais que as originaram. Talvez por isso muitos governantes de direita, uma vez no poder, governem à esquerda, e inúmeros governantes de esquerda - sejam acusados de governar à direita. Enfim, é a vida...
PorquÊ?
É simples: quando se chega ao poder toda essa lógica dicotómica se metamorfoseia, e o objectivo do governante é consensualizar para evitar fricções e conflitos que lhe dificultem a tarefa no quotidiano.
Esta inevitabilidade obriga o governante e o decisor a fazer duas coisas: a negociar permanentemente e a mitigar propostas de solução que são de esquerda e de direita - com a lógica de resolver mais problemas do que aqueles que cria.
Infelizmente, nem sempre isto é possível. Mas por vezes acertam...