terça-feira

Beijinhos - por Eurico Consciência -

Beijinhos

Quero mandar beijinhos para os meus sobrinhos, que ainda não estão em Londres, nem em Genève, nem em Luanda, nem no Maputo, nem em Macau, mas lá irão parar mais dia menos dia, porque os jovens também precisam de ganhar a vida.
Mando também beijinhos para o meu filho, que ficou em casa a colar as pernas duma cadeira, não vá quem se lá sentar dar algum bate-cu.
E também mando beijinhos p’rá minha vizinha Hortense, que me dá raminhos de salsa quando preciso, mas não mando p’ró meu primo Carlos, porque estou farta de lhe dar mostras de que pode avançar, mas, cum raio, o homem…
Ao Senhor Padre da Freguesia também não mando beijinhos, porque já percebi que ele do que gosta é de abraços e que apertados abraços que dá, e demorados! Cada um é como cada qual.
Mas mando muitos, muitos beijinhos ao Sr. Dr. Passos Coelho, coitadinho, que tão sacrificado que tem sido pelo Sr. Dr. Tó Zé Seguro. Não sei se foi por isso que correram com ele. Mal o Sr Dr. Passos Coelho começava a falar, logo gritava o Seguro: Asneira, asneira. Com este governo não vamos a lado nenhum, nunca saímos da crise, mas quando eu for Primeiro Ministro, a crise acaba em seis meses e haverá pleno emprego no ano seguinte, podendo regressar os jovens que emigraram nos últimos anos. Os jovens, que os velhos até convém que não regressem – dizia ele, mas não sei porquê. Também não sei porque é que se atreveu a pedir ao Dr. Passos Coelho que lhe mostrasse as contas bancárias. Olhe que, se todos os políticos tivessem que mostrar as suas contas bancárias, ficávamos todos a saber para onde vai grande parte do dinheiro dos impostos. E ficávamos todos de todo tristes. Mais vale assim: ignorantes e pobretes mas alegretes. 
Ao Sr. Dr. Paulo Portas não dou beijinhos, que ele não precisa, porque ainda lá tem, de certeza, algumas das centenas de beijos que ele costuma recolher nas feiras, quando há eleições.
Também não dou ao Sr. Dr. Marques Mendes. Gosto muito dele, olá se gosto, mas ando mal da coluna e não posso curvar-me:
Quero mandar também muitos beijinhos p’rá minha nora, onde quer que ela esteja, porque saiu de casa há quinze dias e, se se sabe com quem foi, não se sabe para onde foi.
E digo-lhe que volte p’ra casa, que pode voltar, porque o meu filho já me disse que lhe perdoa.
Por fim, mando beijinhos ao meu namorado, que está a dormir a sesta, para que conste que lhe mandei beijinhos, que não quero que se zangue mandaste e deste beijinhos a toda a gente, mas disseram-me que não te lembraste de mim. Depois deixava de me levar à danceteria e passava o tempo a atazanar-me, porque sim ou porque não, porque deixa ou porque torna ou porque torna ou porque deixa, porque me esqueci dele, que andei a beijocar toda a gente, a mandar beijos para toda a gente menos p’ra ele. E como já anda com a cabeça alvorada por causa do meu primo Carlos…
A rogo de Florinda Esteves, por não saber escrever,
 Eurico Heitor Consciência
_______________________

Obs: Foi pena que, no catálogo dos "beijinhos" elencados pelo articulista, este não se tivesse lembrado de encontrar um personagem que pudesse enviar beijinhos ao doutor Cavaco, o ainda locatário de Belém. Foi, por isso, uma omissão (analítica) de estrondo  que nenhum Protocolo compreende. 
Beijinhos, muitos beijinhos, nem que fosse para saudar uma partida antecipada, antecipadíssima d´alguém mui parecido com um manequim da rua dos Fanqueiros, presente em corpo, mas ausente d´alma.
Beijinhos ou, em alternativa, flores, pois o estado de saúde do referido dignitário, ainda que se tenha especializado em violar a CRP - nas suas abundantes ajudinhas ao XIX Governo (in)Constitucional, merece que alguém o ajude a concluir com alguma dignidade o seu omisso mandato.
Enfim, como foi possível ninguém ter-se lembrado de enviar beijinhos a Cavaco, ou mostrar-lhe lenços brancos...
____________________________

Etiquetas: ,

segunda-feira

António Costa representa a nova "agência de rating" da República Portuguesa




Imagem picada no Expresso

___________

Após a vitória expressiva de António Costa sobre o seu competidor interno, aquele granjeou uma legitimidade política própria e quase unipessoal sobre o PS, a qual se estende à condução deste à vitória nas próximas eleições legislativas. Mas até lá ainda há muito caminho por percorrer, um trajecto repleto de espinhos e incertezas, em qualidade e quantidade, pelo que nada será fácil. 

No PS algo terá de mudar internamente, quer na forma de estruturar a comunicação com a sociedade, quer na forma de produzir informação técnica com valor político relevante para informar a dialéctica política; no plano externo, i.é, da relação de oposição política ao actual governo do centro-direita, dentro e fora do Parlamento, o tipo de liderança terá, forçosamente, de ser também mais combativo, persuasivo e alternativo ao que foi no passado recente. Não basta pressionar o governo para não aumentar os impostos, porque a classe média já está esmagada, os empresários falidos e a mancha de pobreza alastra no país.

É nesta conformidade que fará toda a diferença começar já a estruturar, sector a sector, políticas públicas mais orientadas para o crescimento económico e a sustentabilidade social sem que, com isso, a racionalidade do Estado perca eficiência e qualidade na prestação dos seus serviços sociais, de educação, de segurança social, etc... 

Até porque o calendário eleitoral pode, a qualquer momento, ser antecipado por motivos supervenientes. A esta luz, o próprio PR tem demonstrado que pode ter problemas súbitos de saúde, o que revela que até estes imponderáveis podem, a qualquer momento, reprogramar o calendário político nacional. 

Desse modo, fará igualmente sentido olhar e pensar a acção estratégica de António Costa na liderança do PS como alguém que se constitui numa espécie de "agência de rating" - que tenderá a classificar o risco decorrente da manutenção no poder do actual governo de centro-direita, altamente nocivo para a economia, a sociedade e o próprio aparelho de Estado que tem vindo a desmantelar da forma mais criminosa possível, e cuja marcha tem de ser parada e/ou invertida. 

E é aqui que concorre o tipo de liderança a empreender pelo líder do PS daqui para o futuro. Um futuro que para ser de esperança terá de ter ideias, projectos e uma eficiente comunicação capaz de os transmitir à sociedade e de polarizar aí energias positivas. 

Neste momento, ainda temos um risco elevado de governança, dado que o XIX Governo (in)Constitucional ainda se encontra em funções (com o respaldo de Belém), mas quando se captar mais e melhor Investimento Directo Estrangeiro, quando se devolver confiança à sociedade e aos agentes económicos, quando forem repostos os valores esbulhados aos pensionistas e funcionários públicos e quando houver verdadeiros programas de incentivo económico para as PMEs - dentro de medidas mais abrangentes a todos os sectores da economia, então estaremos em condições de (re)pensar Portugal noutros moldes e com outra expectativa e esperança.

Todas essas variáveis dependem dum factor determinante na gestão e condução da coisa pública: a liderança. E a este título também é colocado sobre António Costa, e ao país, o maior desafio da sua vida, que consiste em transpor para a chefia do Governo tudo aquilo que integra a sua experiência ministerial e de edil na maior autarquia do país. 

Mas nem tudo são rosas, Senhor!!!
____________

Etiquetas: ,

domingo

António Costa vs Rui Rio. O futuro do PS e do PSD





O sabor da vitória não tolera grandes compassos de espera na vida política de António Costa. Seguro, já era, integra o passado e, "seguramente", terá de mudar de vida. 

Os olhos (e a responsabilidade) estão agora postos em A. Costa: quer para federar o PS, coisa que levará um ou dois meses, quer ainda para racionalizar o Congresso e, aí, sim, apresentar a sua proposta de Governo alternativa a esta coisa decadente suportada pelo balão de O2 lançado pelo farol de Belém, outro cadáver adiado - resguardado pelas omissões da Constituição da República Portuguesa. 

Numa futura revisão constitucional terá de se prever, em mais eficiente articulado, disposições normativas que contemplem a destituição do PR quando este, comprovadamente (como é o caso) se afaste dos objectivos e do mandato para que foi eleito. 

Do lado do PSD - os jotinhas laranjas começam agora a ver Rui Rio como uma promessa que não deverá ser adiada por muito mais tempo. É quase um imperativo categórico, ou melhor, de sobrevivência. Mas quem conhece Rio, e o seu feitio (virulento e pouco dado a consensos e a cedências), sabe perfeitamente que ele não é um homem de partido, por isso não aguentará fazer vida nele mais de dois meses consecutivos. 

Por outro lado, a Tecnoforma, a sua famosa ONG retiram o que resta da escassíssima credibilidade ao "sacador de fundos comunitários" que foi Passos Coelho. Esse, o tal, que não se lembra de nada, nem de ter nascido..., para a política!!!

De modo que os dados estão lançados. Agora é esperar que as peças de xadrez se movimentem e observar que lances fazem no tabuleiro da vida pública nacional. 

Numa palavra: A. Costa sabe que, para si, o futuro é já ontem, pelo que não tem direito a estado de graça. Mãos à obra!!!

_____________


Etiquetas:

Sérgio Godinho "O primeiro dia" [letra]


___________

Etiquetas:

Uma Bic ou uma MontBlanc: Primárias no PS


A vantagem das eleições em democracia (pluralista), é que não há sangue, e o líder do partido mais votado - em eleições livres e fiscalizadas - tem a legitimidade de aceder ao poder e liderar o (partido) ou o país; em ditadura, ao invés, há um banho de sangue, agravado - por regra - por uma guerra civil, e o ditador continua com o poder, ilegitimamente.

Fazendo o paralelo com as revoluções, quando estas são desencadeadas as que vingam colocam no poder os revolucionários; mas se a revolução não vinga, os revoltosos são imediatamente colocados na cadeia, se não forem assassinados no seu decurso pelas forças conservadores instaladas.

Regressando à democracia interna do PS - que hoje deu um passo para revolucionar o método (futuro) de eleição dos futuros líderes (através do método das primárias), como há décadas se pratica no sistema eleitoral norte-americano, convém dizer que hoje alguém terá de pegar na caneta e resignar ao cargo que ocupa no Largo do Rato, nesta antecâmara na luta contra o centro-direita no quadro das legislativas de 2015, se não houver eleições antecipadas.

Não deve ser muito difícil antecipar esse resultado, restando apenas conhecer a expressão dessa derrota.

_____________


Etiquetas: ,

Eleições ao semestre...




... As eleições deviam ser semestrais. Assim teríamos obra feita de seis em seis meses. 

______________

Etiquetas: ,

Francisco Seixas da Costa explica por que não vota em Seguro


  • NOTA PRÉVIA:
  • O Embaixador Francisco Seixas da Costa explica aqui, neste seu texto, consistente, franco e com ideias claras e arrumadas, a razão pela qual não vota em António José Seguro. Trata-se, pois, de um grande "estalo de luva branca" no ainda SG do PS que, em rigor, recebeu do partido aquilo que nele foi cultivando. Em política não há gratidão, muito menos quando ela também nunca foi cultivada no seu seio. 
  • Vale a pena ler o texto do embaixador, pois ele é esclarecedor a muitos títulos e, acima de tudo, é uma peça de verdade que não estamos habituados a ler em política. 
  • __________________________


Escrevo-lhe no dia das eleições primárias do PS.

Recordo bem as conversas que fomos tendo ao longo de meses, o estímulo que dei para o seu esforço em construir uma oposição, simultaneamente eficaz e responsável, à triste governação que nos saiu em rifa. Tenho presente a confiança que em mim colocou, ao ter-me formulado honrosos convites, que nunca pude aceitar, com exceção da pontual colaboração na dimensão europeia do "Novo Rumo", uma iniciativa em que tive uma grande honra em participar e de cujo resultado me orgulho. Pela razão que sempre lhe disse: estou, em definitivo, indisponível para qualquer atividade política ativa. E esse é também o motivo pelo qual, com total liberdade, posso hoje dizer abertamente o que penso.
Desde logo, quero deixar claro que a sua tarefa, ao longo destes mais de três anos, foi sempre muito difícil. Você fez opções corajosas, com o objetivo de credibilizar a imagem internacional do PS, ao não obstaculizar o orçamento de 2012 e ao votar favoravelmente o Tratado Orçamental. Nenhum líder socialista responsável teria procedido de forma diferente, tenho absoluta certeza. E foi você, na solidão do lugar onde se encontrava, que teve de tomar a decisão. E fê-lo da forma certa, por muito que agora, com a comodidade da distância, alguns achem que isso não deveria ter sido feito. 
O seu espaço de manobra, ao longo de todo esse tempo, com um presidente da República que agora se revela em pleno, foi sempre muito reduzido: caminhar entre um "memorando" que o país político tinha aceite maioritariamente a contragosto, sob um estado de necessidade, e um governo que, dia após dia, surgia incensado por Merkel & quejandos, numa espiral de elogios que parecia diretamente proporcional ao desastre que ia provocando no país. Dir-se-á que, aqui ou ali, poderia ter procedido de forma diferente: talvez, mas você não era um líder populista, lesto a cavalgar "a rua", e tinha a estrita obrigação de cuidar a imagem histórica de responsabilidade do partido que o escolheu. E isso de se dizer que você comprou cedo a "narrativa" do governo sobre a crise é muito fácil de afirmar agora, num tempo em que as pessoas parece já terem esquecido o ambiente político-mediático, cá dentro e lá fora, sob o qual Portugal vivia. A memória é curta, meu caro.  
Mas nem só fora do PS estiveram as suas dificuldades. Estavam também no seio do grupo parlamentar socialista, onde você nunca pôde contar com um núcleo importante de deputados, que sempre o combateram. Por três razões: alguns porque nunca aceitaram a sua vitória e não se subordinaram democraticamente à sua liderança, outros porque você não se soube mostrar solidário com muitos aspetos positivos da governação socialista anterior (um importante erro seu!) e, finalmente, com outros que você decidiu não cooptar para a ação política de primeira linha (e fez mal!). Hoje, toda essa gente está com António Costa, alguns deles, há que dizê-lo, por terem entretanto percebido que você lhes não renovaria o mandato em 2015. Houve, de facto, muito sectarismo dentro do PS, mas você, meu caro António José Seguro, também não está isento de culpas nesse domínio. 
O PS, consigo, ganhou duas eleições? É verdade. Mas, sejamos francos, nas recentes europeias, o resultado conseguido ficou muito aquém daquilo que seria expectável que o principal partido da oposição pudesse ter conseguido, perante um descalabro da (antiga) maioria e um sentimento de revolta e desânimo que atravessa o país. A distância virtual entre o resultado obtido pelo PS e aquele que se pode computar ao PSD no seio da coligação é quase de 10 pontos? Também é verdade. Só que 72% dos eleitores mostraram o seu desagrado com a ação do governo e, dentre esses, o PS só conseguiu representar 32%. Isto é, 40% do país revoltado escapou-lhe de mão. E isto é um facto, mesmo com a atenuante da especificidade das europeias (mas, se formos por esse caminho, também o resultado das autárquicas pode ser lido como uma opção personalizada pelos candidatos e não uma ação virtuosa do PS central).
Como eu, com toda a franqueza, lhe referi logo após as eleições, muitos socialistas (e muita gente que vota PS) não se reviram no seu deslocado discurso da noite eleitoral. Foi um mau resultado e, como também então lhe disse, esse resultado e a forma como você o interpretou abriram o caminho natural à candidatura de António Costa. Não tem qualquer sentido você insistir em dizer que foi uma deslealdade o surgimento desse desafio: foi a resposta polarizadora de um sentimento que atravessava muita gente. Gente muito diversa, desde aqueles que, dentro e fora do PS, nunca acreditaram politicamente em si e a quem o seu estilo de liderança nunca convenceu, até outros que, mantendo por si simpatia e respeito - pela sua seriedade, pelo seu empenhamento, pela sua dedicação - chegaram à conclusão que não podiam arriscar-se a ver o destino do PS, numas futuras eleições legislativas, colado à escassez das vitórias que você lhes prometia. E que, com todo o direito, entenderam apoiar um outro candidato, que consideraram poder vir a protagonizar uma oposição mais eficaz à maioria cessante. 
Nessa altura, colocava-se um problema formal e você resolveu-o com inesperada maestria. Não prescindindo - e fez bem! - da legitimidade que os estatutos lhe conferiam (isto é, não se demitindo e convocando congresso e eleições diretas), tomou a decisão sábia de "resolver" o desafio pelo recurso a estas eleições primárias. Provou assim que não fugia à disputa e, mesmo para além disso, abriu-a para além do "aparelho", que o acusavam de ter "na mão".

Tudo estaria mais ou menos bem se o debate, a partir daí desencadeado, se tivesse processado com elevação. E aqui, meu caro António José Seguro, quero dizer-lhe que você esteve muito longe daquilo que eu esperaria de si. E, confesso, desiludiu-me muito. Foi você o primeiro a abrir as hostilidades com acusações de caráter ao seu adversário (como que esquecendo que ele era, antes de tudo, um seu camarada), a espalhar insinuações populistas sem rosto e a desenvolver uma campanha "ad hominem". E isso manchou, em definitivo, a sua imagem. Espero que hoje tenha plena consciência disso. 

Reconheço sem dificuldade que, do outro lado da barricada, alguns agitados prosélitos de António Costa - nos blogues, no facebook, no twitter, nos jornais e nas televisões - colocaram-se, desde cedo, ao mesmo nível a que você fez cair a campanha. Lamentei muito não ver a voz de António Costa a tentar travar essa deriva, mas há que reconhecer que, neste particular, nas intervenções que ele próprio fez, esteve bastante melhor que você. Se acaso ele ganhar, cedo vai perceber que, se quer que um PS sob a sua liderança seja tomado a sério, terá de se afastar de muita dessa "ganga" de "talibãs" de conversa económica radical - uma espécie de émulos, do outro lado do espelho, da "rapaziada" neoliberal que hoje enxameia os corredores do poder. Uma campanha pode ser conduzida assim, o Estado não.
Nos debates televisivos, devo dizer que não encontrei o António José Seguro que eu conhecia, o homem sereno, equilibrado, com sentido de defesa dos interesses do seu partido, colocando as ideias - e você construiu um "banco" de ideias que são património de "qualquer" PS - à frente da chicana. Posso estar enganado, mas quem vi por ali foi um homem ferido, amargo, com uma agressividade deslocada e não construtiva. Alguém que teimou em "deitar sal" sobre as feridas, como se, com essa atitude, quisesse consagrar uma vingança pessoal. Não gostei nada do que vi. E, por isso, meu caro António José Seguro, com toda a consideração pessoal que sabe que mantenho por si, lamento ter de dizer-lhe que, hoje, não vai poder contar com o meu voto.  
Com um abraço amigo do
Francisco Seixas da Costa

_____________


Etiquetas: , ,

sábado

Marques mendes e os factos



Gostaria de saber o que o dr. Marques mendes entende por facto(?!):
- se é uma subjectivação da sua vontade;
- uma ilusão da sua mente luminosa;
- ou um Wishful thinking que brotou do seu benévolo voluntarismo.
- É óbvio e manifestamente OBJECTIVO que resultante do debate parlamentar ficou por esclarecer o VALOR DOS REEMBOLSOS que o seu amigo Pedro não se lembra e/ou não quis quantificar perante o hemiciclo e o país. Nem autorizou, escondendo-se atrás do biombo da violação de direitos de privacidade, o levantamento do sigilo bancário. O qual, devidamente gerido por magistrados sérios, não violaria direitos além do necessário.
- O dr. MM é um homem inteligente, mas essa qualidade deve ter limites, e um deles é, precisamente, não ofender a inteligência dos demais portugueses. Deste modo, e neste capítulo, creio que o comentador da Sic prestou um mau serviço à verdade, à análise política e aos valores republicanos que informam o nosso regime democrático.
- Além do Galo de Barcelos, traço identitário luso - gostaria imenso, se não fosse pedir muito, de ouvir o comentador dissertar sobre a qualidade da louça das Caldas...
- Talvez daí irrompa um facto extraORDINÀRIO e surpreendente para felicidade de todos nós!!!

__________


Etiquetas: ,

Deus e o Diabo estão nos pormenores: o dr. Pedro e as omissões deliberadas no caso Tecnofórmica e Ong



O debate d´ontem na AR adensou mais dúvidas do que esclareceu o caso do envolvimento de Passos Coelho na Ong através da qual recebeu dinheiro a troco de diligências políticas, ou lobi político se se quiser, e que nos EUA está legalizado. Mas tudo é declarado e não há oportunos (oportunísticos) lapsos de memória.

O que é curioso é sinalizar os seguintes factos, situações passadas e OMISSÕES:

- 1. o dr. Pedro não tem cópia das farturas, perdão, das facturas que entregou para ser reembolsado;

- 2. o dr. Pedro não recebeu um salário pelas diligências e serviços prestados, mas era reembolsado;

- 3. o dr. Pedro, porém, não quis detalhar quais e quantas viagens foram essas, ou seja, quanto gastou em viagens, almoços e jantes (ceias também). Porventura, pelo que recebeu, I presume, daria para dar várias vezes a volta ao mundo - de carro, iate e de avião;

- 4. o dr. Pedro não cobrava serviços, trabalha pro bono para a Ong que o reembolsava, tamanho foi o seu altruísmo filantrópico - porventura só comparável ao de Madre Teresa de Calcutá;

- 5. o dr. Pedro.., blá, blá, blá, blá...PIM!!!

Quando perguntado como e quanto pagava o então "patrão" do dr. Pedro, numa entrevista à revista Sábado, este mandou desligar o gravador durante 13 minutos. A estória é conhecida...

Deve ter sido o tempo que precisou para reler as primeiras 800 págs. da Bíblia e, quando chegou ao Eclesiastes, percebeu que tudo é vaidade e vento que passa, e amanhã o sol volta a por-se para novamente nascer no turbilhão do tempo...

Numa palavra: o dr. Pedro está encalacrado pela generalidade da Opinião pública que não acredita nele definitivamente. Ninguém já acredita nas suas declarações, especialmente nas omissões que ontem não quis desfazer, pois é nelas que reside o nó górdio daquilo que, como é bom de ver, desesperadamente OCULTOU e que todos os portugueses já perceberam.

Todos, com excepção do doutor Cavaco, que teve aqueles problemas com a venda das acções out-of-market do BPN e que, talvez por isso, e em espécie, agora se sinta na obrigação (moral e política) de se solidarizar com o seu colega de partido. 

Tudo isto tem nomes feios, que custam a dizer e ainda mais a ouvir. Como pretendemos manter o nível reafirmamos apenas que Portugal FEDE.

___________

Etiquetas: , , ,

Cavacao Silva: do bolo-rei à cagarra e às Ongs. Evocação do Diácono Remédios - o CENSOR -




Por absurdo que pareça presume-se que há uma "absurda lógica" no apoio que o Sr. PR tem dado ao Governo da República, ou melhor ao dr. Pedro. Um apoio cego, porque incondicional. 

Em todas as crises políticas por que o XIX Governo tem passado, muitas e graves desde 2011 (sucedem-se ao mês, à semana, ao dia), Cavaco tem estado sempre na linha da frente no apoio político activo a Passos Coelho. Agora, com a particularidade de criticar o excesso de liberdade de pensamento e de expressão que a mediacracia tradicional e os new media - têm dispensado ao assunto que envolve o bom nome do PM na sua relação com a Tecnoforma e uma Ong criada para capturar fundos comunitários para, supostamente, dar formação aos formandos que deveriam hoje estar a trabalhar nos aeródromos (que não existem). 

Cavaco, pelos vistos, não se preocupou com a regulação que o BdP e a CMVM (os legítimos polícias dos mercados) deveriam ter com a desbunda do BES, do BPN (que muito lhe diz...), do BPP, do BCP e da ditadura dos mercados que sacrificam as economias das nações em proveito da especulação dos fundos de investimentos que, literalmente, esbulham as sociedades - hoje na penúria. Em boa medida, é por esta razão de natureza especulativa, atribuída ao funcionamento do capitalismo de casino, que as classes médias, na generalidade dos países da Europa mais afectados, se encontram hoje esmagadas sem capacidade aquisitiva, logo de gerar o tal efeito multiplicador (explicado por Keynes) no consumo interno das nações.


De facto, e em abono da verdade, importa recordar que Cavaco conviveu bem com a ditadura de António Oliveira, chegou mesmo a preencher fichas da PIDE para fazer investigação no âmbito dos seus trabalhos académicos, mas nada faria supor, volvido quase meio século da ditadura conservadora em Portugal, que partiu a espinha a milhares de portugueses, que o actual PR - em plena democracia pluralista - tivesse a veleidade de achar que os problemas gerados por um escol dirigente que hoje levanta as maiores suspeitas de cometer PERJÚRIO - se deve, directa ou indirectamente, aos comentários feitos no âmbito da liberdade de expressão que cada cidadão tem o direito de fazer, dentro das regras do estado de direito. 

À primária fase do bolo-rei, em que o PR tinha dificuldade em expressar-se e nunca tinha dúvidas e raramente se enganava, o PR foi visto a anilhar cagarras nas ilhas Selvagens (2ª fase civilizatória); agora, ao pretender calar a opinião pública e publicada, emerge como um bom censor que evoca o Diácono Remédios - magistralmente representado por Herman José. 

Talvez tenha chegado o momento de lhe darem uma Ong..., nem que seja para o calar, porque sempre que o PR abre a boca.., o resultado é conhecido. 

____________________


Herman José - Diacono Remédios e Chupa me os Pistões





_________________


Etiquetas: , ,

sexta-feira

A mentira política institucionalizada em Portugal



Decorre no Parlamento um plebiscito ao alegado PM, perdão ao ex-deputado Passos coelho, que "trabalhou pro bono" numa ONG que apenas recebia reembolsos, sem se saber, em concreto, porque o visado se recusou categoricamente a responder a Catarina Martins/BE que fez a questão duas ou três vezes, qual o montante recebido e de que forma o recebeu

Também se recusou a aceder ao levantamento do sigilo bancário, como propôs Seguro, do PS, a fim de averiguar com rigor e precisão os fluxos financeiros nas contas bancárias do visado, agora sob forte suspeição no país. Uma suspeição que não se desvaneceu com este plebiscito parlamentar. Mas mesmo que o visado aceitasse o levantamento do sigilo bancário, e caso as compensações fossem feitas por dinheiro em mão, de nada serviria como meio de prova o recurso àquele expediente de investigação.

Este é um caso de pura e aplicada reconstituição das condições da política cínica, tratadas pela Ciência Política e a que a Filosofia (política) também não é alheia. Pois quem exerce o poder e sabe o que são as ilusões e quais as suas consequências, exerce esse poder como se não o soubesse, escondendo a sua efectiva perversão atrás do biombo da inocência, da ingenuidade e da compaixão.

Esta opacidade voluntária, deliberada pelos actores políticos, especialmente quando estão em apuros e sob grande pressão por parte da opinião pública, distorce os mecanismos de regulação da democracia, dado que impede uma avaliação objectiva dos governantes por parte dos eleitores e, para além disso, induz no eleitorado a ideia de que as suas escolhas eleitorais são indiferentes porque os resultados práticos, consoante se trate de agentes políticos sérios ou não sérios, são sempre os mesmos.

É por causa de comportamentos desta índole que os eleitores se afastam cada vez mais dos partidos, dos políticos e da própria actividade política. Pois o povo português, hoje mais culto e esclarecido politicamente, já não cede à satisfação dessas ilusões induzidas pelos  políticos nos eleitores e que visam, tão somente, neutralizar o regular funcionamento da democracia e de escrutínio que o povo tem direito a fazer sobre os actores políticos sob forte suspeição pública. 

Numa palavra: o ex-deputado Passos Coelho deu mais um tiro no alegado PM, que só se mantém no lugar porque cavaco, a partir do retiro de Belém, lhe lançou um balão de oxigénio para sobreviver mais umas semanas ou meses.

Coelho é hoje um pássaro ferido nas duas asas... Já não voa, saltita!!!

_____________


Etiquetas:

Ângelo Correia - guarda as cópias do IRS -

CACHIMBADAS DE PESO.



Aprecio este estilo existencialista e sartre[ano] de Ângelo Correia - inspirador do alegado PM - de quem depois se afastou e que hoje se encontra dentro dum colete-de-forças e já com o nome na lama. 


Ângelo, como é uma cabeça arrumada e ainda não precisa de tomar Memofante (passe a Pub.), adverte que guarda as cópias do IRS de todos os anos, dá jeito para evitar problemas de não me recordar, - diz. 

Pois considera insuficiente a meia resposta do seu ex-colaborador. 

Neste ponto, Ângelo Correia deverá ser acompanhado por mais 10 milhões de portugueses. Fora a diáspora...

Porque será?!

_____________

Etiquetas: , ,

quinta-feira

A Tecnoforma e o paradoxo do burro de Buridan






O Portugal romântico vive um momento realista. Romântico pela visão, realista pela necessidade dramática na luta contra os problemas e conflitos que temos pela frente. Portugal mais parece um tubo de ensaio político romanceado em que há duas figuras centrais: Passos Coelho (deputado e "abre-portas" na Tecnoforma); e o Passos Coelho, o alegado PM desta República das bananas... 

Recordo que o paradoxo do burro de Buridan consiste em colocar o burro, com fome e equidistante entre um fardo de palha e um balde d´água, e o animal, porque não sabe qual dos dois bens deve consumir primeiro, acaba por morrer por indecisão estratégica.

Análoga é a posição de Passos Coelho, ao tentar explicar a quadratura do círculo em que ele próprio se colocou, ao declarar ser deputado em regime de exclusividade e, simultaneamente, receber dinheiro duma empresa para a qual (alegadamente) trabalhava - sem que o pudesse fazer por lei. E, presume-se, sem a devida declaração em sede de IRS.

Seja como for, e mesmo que os esclarecimentos sejam sofríveis a questão remete para a esfera ético-moral, o que significa que Coelho é já um pássaro ferido. Pode voar mais 200 ou 300 metros, mas acabará por ir morrer à praia - enfeitado com o paradoxo filosófico do burro de Buridan. 

_________________________



PS: Foi sintomático (e lamentável) ver hoje o ajudante do Desenvolvimento Regional, cujo nome não recordo, vir anunciar que os fundos comunitários serão todos aplicados, pelo que não haverá devoluções a Bruxelas. Tudo serviu para apagar o incêndio da Tecnoforma. Os dinheiros públicos (e comunitários) desta desgraçada República servem para remover ou ocultar tanto lixo, até para tentar tapar o sol com a peneira aos portugueses que há muito perceberam o que se passou...

___________________


Etiquetas: ,

Quem tramou Roger Rabbit? - questiona consistentemente Carlos Matos Gomes -




Parece-me evidente que o escarcéu à volta dos 5000 euros da Tecnoforma pagos a Passos Coelho e da exclusividade dele na Assembleia tem a intenção de o tramar politicamente.

É ingenuidade a mais acreditar que somos um povo cujas elites se levantam em clamor por causa de um ministro, primeiro, segundo ou terceiro não ter declarado uns dinheiros por fora e ter recebido outros de legalidade duvidosa. 

Haverá quem esteja sinceramente escandalizado, mas não foram esses que lançaram esta campanha.

Desculpem, mas o interessante, neste caso, seria saber quem “bufou” o caso para o Público. É óbvio que o Público, tal como outros jornais a propósito dos projectos de construção civil de Sócrates, ou do diploma de engenheiro civil depois de ser engenheiro técnico, ou das escutas de Belém não investigou nada. Limitou-se a receber uma denúncia que pode ser, ou ter sido anónima, ou não. Há agentes informadores avençados!

Seria fácil chegar perto da origem sem necessidade do talento de um detective de olho mágico. Tudo começou, como se sabe, com a notícia de que PCoelho recebera o equivalente a 5000 euros durante os anos em que esteve na Tecnoforma e que não os declarou ao fisco. Só uma entidade sabia desse pagamento: o procurador do Ministério Público que investiga a Tecnoforma e os seus inspectores da Judiciária. Só uma entidade sabia que P.Coelho não declarara o dinheiro para pagamento de impostos, a Autoridade Tributária. 

O pontapé de saída para este caso sai daqui: ou da equipa do MP que investiga a Tecnoforma, ou a da AT. O procurador do MP já foi transferido. Parece-me bem. É o principal responsável e é suspeito. Devia estar sujeito a um processo de averiguações.

Também julgo ser relativamente fácil chegar a quem transmitiu a informação fiscal. O acesso aos processos e às bases de dados são controlados, julgo, e ficam registados. 

Para mim, mais importante do que saber se P Coelho recebeu e não declarou, declarou mas não o que devia, era e é saber quem no MP, ou na AT trai os seus deveres enquanto funcionário do Estado, ao serviço de quem está, o que pretende. É importante para o caso de P Coelho, como era para o caso de Sócrates – o que muitos hoje esquecem. 

Sinceramente, prefiro ter como chefe de governo um homem comum, capaz de pequenas trafulhices, mas eleito e escrutinável, do que ter magistrados, polícias, funcionários na sombra a manipularem em proveito não sei de quem. Incluindo de interesses estrangeiros ou de grupos financeiros. Derrubar por processos ínvios um primeiro-ministro, tal como aconteceu com Sócrates, nunca é um acto desinteressado, nem para o bem da pátria. Fazer coro também não me parece prudente. Enquanto cidadão não fico satisfeito por estar a acontecer a PCoelho o que ele, se não aplaudiu, nunca criticou quando aconteceu a outros, a Sócrates, nomeadamente.

Depois há o aspeto de higiene política, de processos políticos: tivemos um regime de bufaria, de delação durante mais de 40 anos, de funcionários corruptos, de pides, legionários que vendiam informações. Não me regozijo por os ver de volta, venais e rafeiros, pior ainda se integrados em organizações e instituições que devem ser respeitáveis, como é o caso da magistratura, da polícia judiciária, da autoridade tributária.

Quero com isto dizer que os funcionários e os magistrados não devem cumprir os seus deveres de comunicarem crimes e infracções de responsáveis políticos sempre que deles tenham conhecimento? Muito pelo contrário, quer dizer que não o devem fazer para proveito próprio ou ao serviço de mandantes encobertos. Quero com isto dizer que repudio a balcanização da justiça e a falta de princípios dos que defendem que a falta de princípios é uma coisa boa quando a nosso favor e condenável quando ao serviço dos adversários.

___________

Obs: Envie-se uma xerox do dr. Relvas para conhecer a sua opinião ou reacção...

__________________


Etiquetas: ,